sábado, 8 de outubro de 2011

Vídeo-aula 20: Violência e educação UNIVESP TV: Violência nas escolas








Todas as charges e imagens acima retratam, mesmo de que de forma diversa e variados ângulos, um tema atual e, infelizmente, muito presente nas escolas: a violência.
Na vídeo-aula 20, a professora Flavia Schieling discute o tema. 
A violência, na maioria das vezes, é uma questão complexa que permite quebrar todos os discursos prontos que debatem a questão. Quando uma situação de violência é vivenciada na prática, no cotidiano, todos os pontos possivelmente discutidos em teorias revelam-se pobres; a violência tem o poder de desarranjar discursos.
Muitas vezes, temos a sensação de que a violência está presente em todos os lugares, tomou conta das pessoas e não há nada que possa ser feito para reverter tal situação. Ledo engano. Temos, sim, que pensar que a violência não é fatalidade e que, consequentemente, permite uma ação modificadora sobre ela.
Para lidarmos com a questão da violência na escola (não apenas a violência física, explícita; ela pode estar em uma fala, em um gesto, em uma ação de vandalismo, em uma ameaça), primeiramente é preciso investigar o problema:  o que acontece? Onde exatamente ocorre? Quem são os envolvidos? Quando o problema é identificado e esclarecido, torna-se mais fácil agir sobre ele. 
Também é viável destacar que a violência proveniente do entorno escolar acaba entrando no ambiente da escola; são violências que não são produzidas pela escola, mas, consequentemente, estão dentro dela, já que a instituição não é alheia ao território em que está alocada. Porém, como destaca a professora Flavia, há escolas situadas em lugares violentos que não são, necessariamente, violentas; elas construíram relações com a comunidade, estabeleceram uma parceria com o bairro, e isso resultou em uma escola protegida pelos moradores do entorno da escola.  Dessa forma, é possível estabelecer uma boa conexão com a comunidade, em oposição a visão de temor que um pólo, escola ou comunidade, possa nutrir pelo outro, através de projetos que envolvam a todos, interior e exterior da escola.
É necessário também destacar um outro tipo de violência que, de forma silenciosa, invade o cotidiano do ambiente escolar: a violência familiar. O comportamento agressivo ou apático de um aluno, por exemplo, 
pode denunciar uma situação vivida na família. E o que a escola pode fazer para contribuir com uma possível solução para o problema?  Mais uma vez, são fundamentais a conexão e o diálogo, ter um olhar investigativo para a criança, e não julgador. 
A escola deve estabelecer relações não apenas com os alunos e o entorno da escola; ela pode se conectar com órgãos de saúde e Conselho Tutelar, por exemplo, a fim de poder contar com um apoio e suporte para resolver situações difíceis.
Importante destacar, também, um tipo de violência, muitas vezes, não percebido nem discutido, presente no discurso de alunos: "passar de ano sem aprender é uma forma de violência?". Sim, é uma violência contra o estudante, que precisa de profissionais capacitados e centrados, que auxiliem em sua formação, não apenas conteúdista, mas, principalmente, moral e ética. As escolas não podem ser, apenas, "escolas de passagem"; o coletivo interior escolar deve estar plenamente envolvido no processo de ensino-aprendizagem e precisam trabalhar as relações entre si mesmo. Se o corpo que compõe a instituição de ensino tem dificuldade em se relacionar e trabalhar em equipe, dificilmente o ambiente da escola poderá oferecer um cotidiano rico de conhecimento e interesse. 
Em suma, a batalha contra a violência escolar não é fácil, mas é perfeitamente possível agir. A escola, embora não seja a única responsável pela resolução do problema, pode contribuir muito para que ele seja menor. É um desafio possível!

O vídeo discute medidas educativas para conter a violência nas escolas. Você vai perceber claramente o significado da palavra parceria. O local é Cuiabá, mas a questão é ampla e atinge a maioria das escolas do país.  

domingo, 2 de outubro de 2011

Vídeo-aula 19: Podem a ética e a cidadania ser ensinadas?

Na vídeo-aula 19, o professor José Sérgio Carvalho traz algumas discussões dos filósofos gregos acerca do tema ética, ou como costumavam chamar, formação para virtude; a partir disso, concluímos que a discussão sobre ensinar ou não ética e valores em sala de aula não está presente apenas aos dias de hoje. A questão tema de nossa aula era um problema de alta relevância na Grécia Antiga. 
Citando Aristóteles:

“Os homens tornam-se bons e virtuosos devido a três fatores, e estes são, a natureza, o hábito e a razão. Ora, a razão e a inteligência são os fins da nossa natureza. Por isso é necessário preparar-lhes a formação e o cultivo dos hábitos. Já se disse que a natureza devem ser os futuros cidadãos [...] o resto é obra da educação. Realmente toda arte e educação esforçam-se por completar o que falta à natureza. Ninguém porá em dúvida que ao legislador incumbe, sobretudo o cuidado à educação. Pois o costume adequado a cada constituição sói defendê-lo e, no começo fundá-lo também… E sempre o costume melhor é a causa de melhor constituição. É claro, então que compete às leis regularem a educação e torná-la pública.”

Assim, para o filósofo, ética é um problema a ser formado, reforçando a ideia de que a natureza nos dá traços, mas somos formados pela virtude. Uma sociedade democrática forma cidadãos democráticos, e,  ao mesmo tempo, uma formação democrática aperfeiçoa uma sociedade democrática; a educação deve estar a serviço do bem comum (pólis, cidade). 
A ética não pode ser considerada, como a matemática ou a geografia, por exemplo, uma disciplina alocada, especializada, regular, ou seja, os valores que guiam nossas condutas são práticas sociais, que herdamos de todos e transmitimos a todos. A escola deve reconhecer que a formação ética conta com a participação de toda a comunidade escolar, englobando, portanto, não apenas professores e diretores, mas todo o entorno da escola.
Citando Platão:

"... Quando o aluno começa a ler e começa a compreender o que está escrito.. dão-lhe... a ler de bons poetas... prenhe de conceitos morais... do mesmo modo procedem os professores de cítara: envidam esforços para deixar temperantes os meninos e desviá-los da prática de ações más".

A fala de Platão é muito interessante, pois remete diretamente à tarefa do professor, deixando claro que a formação ética não se desvincula do conteúdo escolar; o professor deve ensinar o aluno a ser temperante, equilibrado, não simplesmente através de discursos prontos, mas, principalmente, por suas ações, sua prática. O ensino da virtude não corresponde ao ensino da formação; o primeiro exige tempo e que o professor, por meio de suas práticas e exemplos, demonstre a seus alunos quais são os valores positivos a serem absorvidos. É importante lembrar que, da mesma maneira que ensinamos valores por meio de comportamentos, ensinamos também os vícios, como racismo e preconceito. Portanto, é necessário que o professor esteja atento e consciente, não só em relação ao conteúdo, mas, principalmente, em relação a suas atitudes. 


O vídeo é uma propaganda de conscientização veiculada na Austrália. As imagens nos fazem refletir sobre como nossos comportamentos e atitudes podem influenciar uma criança a agir da mesma forma.  

Vídeo-aula 18: Educação integral

A vídeo-aula 18 nos traz um vídeo, produzido pela UNIVESP TV, que relata a rotina da escola de tempo integral de São José do Rio Preto Jacyra Vieira Baracho. Desde 2008, a escola oferece duas modalidades de ensino: regular e integral (ampliada, estendida). 45% dos alunos estão no programa da jornada ampliada.
Os alunos que passam mais tempo na escola chegam à 9 da manhã e têm uma rotina diferenciada, com acolhida (momento em que são recebidos e quando há a discussão e diálogo acerca de possíveis conflitos que ocorrem na escola), lanche, momento de estudo (quando os alunos realizam as tarefas e tiram dúvidas), 'ateliê' (oficinas diferenciadas que os próprios alunos escolhem de acordo com gostos pessoais e aptidões), almoço e, por fim, as aulas regulares.
Os alunos gostam muito do período contrário ao regular, principalmente dos ateliês, pois trabalham em grupos e desenvolvem competências e habilidades que vão além do conteúdo escolar, como noções de respeito para com o outro e partilha de conhecimentos. 
O professor da jornada ampliada deve estar atento ao que o aluno aprende durante o período regular e promover, de forma democrática e saudável, uma ampliação desse conhecimento. A criança torna-se sujeito ativo de seu próprio conhecimento e aprende a se organizar.
Com a nova perspectiva pedagógica, os alunos dos 4os e 5os alunos de 2009 da escola Jacyra Vieira alcançaram a meta estabelecida pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para 2017, o que comprova a eficácia do programa. 

Experiência da autora
Durante dois anos, trabalhei como professora de Informática na E. E. Tullio Espíndola de Castro, de Jaú/SP. As aulas de Informática aconteciam no período da tarde, enquanto o ensino regular era oferecido na parte da manhã. Os alunos esperavam ansiosamente pelas aulas das oficinas e, de fato, participavam ativamente do processo. Além das aulas de Informática, faziam parte da grade curricular da ETI (Escola de Tempo Integral) Leitura, Experiências Matemáticas, Atividades Artísticas e Motoras, Orientação ao Estudo e à Pesquisa e Saúde e Qualidade de Vida. Aqui, todos os alunos do ensino fundamental passavam por todas as aulas. Em alguns momentos, sentia os alunos desestimulados e esgotados, por conta, talvez, das aulas massantes e também por uma falha no planejamento da proposta de tempo integral. Mas, na maior parte do tempo, os alunos se envolviam nas atividades das oficinas e, assim, os resultados positivos eram perceptíveis no cotidiano escolar. Percebi que a escola de tempo integral pode trazer resultados muito positivos, tanto para o aluno quanto para os educadores, desde que a escola tenha uma proposta pedagógica bem elaborada e, obviamente, bem executada, afinal, ficar o dia todo dentro da escola pode, sim, ser cansativo e, dessa forma, o ambiente escolar não se torna propício para a aprendizagem. É preciso que os professores ampliem o conhecimento que os alunos adquirem durante suas aulas regulares e proporcionem aulas dinâmicas e diferenciadas, como funcionam as oficinas da Escola Jacyra Vieira, vistas na vídeo-aula. O corpo de gestão escolar da escola também deve estar envolvido inteiramente com o projeto, avaliando e promovendo o programa que mais se adeque à realidade da escola. 

Vídeo-aula 17: Pedagogia de Projetos

De acordo com o míni dicionário Larousse da Língua Portuguesa, de 2005:
PROJETO: 1. O que se tem a intenção de fazer. Desígnio, intento. (...) 6. Trabalho com inícios e objetivos delimitados, dotado de características próprias e únicas.

Segundo o professor Ulisses de Araújo, o trabalho que utilize a estratégia de projetos deve levar em consideração a participação ativa dos alunos; um projeto consistente e competente deve ser capaz de desenvolver o aluno em todas as suas dimensões, e não apenas na dimensão do conteúdo escolar. 
O professor deve compreender que, durante a execução do projeto, cumpre o papel de estrategista, promovendo adaptações que julgar necessárias e modificando, muitas vezes, o rumo inicial previsto no planejamento do projeto. 
Como exemplo prático do trabalho com estratégia de projetos, a vídeo-aula 17 apresentou uma experiência positiva da Escola Comunitária de Campinas, realizada pelo Professor Ricardo Pátaro, que trabalha com projetos interdisciplinares, unindo diversas disciplinas. 
A estratégia de projetos está centrada em dois conceitos importantes:
INTERDISCIPLINARIDADE: conceitos interdisciplinares nos ajudam a entender o fenômeno de forma mais rica e complexa;
TRANSDISCIPLINARIDADE: temas que perpassam os campos disciplinares e que não cabem, especificamente, em nenhuma disciplina.  
O professor Ulisses alerta para a diferença que há entre a interdisciplinaridade e a multidisciplinaridade. A primeira, como já exposto em outros momentos nesse mesmo blog, implica diálogo entre as disciplinas, enquanto que a segunda refere-se a um conjunto de disciplinas que são trabalhadas simultaneamente, mas sem cooperação entre os campos disciplinares.
Abaixo, um vídeo complementar em que o educador Celso Antunes discorre sobre o trabalho com projetos.
 É importante concluir afirmando que trabalhar com projetos tornas-se a maneira mais eficiente para formar o sujeito em todas as suas dimensões, possibilitando-o buscar respostas que levem-no a compreender o mundo.