sexta-feira, 11 de maio de 2012

Vídeo-aula 4: Ética e Saúde a escola

Na vídeo-aula 4, a professora Lúcia Tinós propõe uma reflexão acerca dos alunos chamados especiais e do trabalho do professor para com eles. 

Terminologia: Necessidade Educativa Especial
O termo surge no Reino Unido, em 1978, em um relatório. Neste período, havia um movimento de integração muito forte na Europa, onde qualquer ação de adaptação era centrada no aluno, que deveria superar suas dificuldades. O termo surge com a intenção de colocar como co-responsável pelo processo de adaptação e integração, ao lado do próprio aluno, o professor e a escola. 
Considera-se que "um aluno tem necessidades educativas especiais quando, comparativamente com os alunos da sua idade, apresenta dificuldades significativamente maiores para aprender ou tem algum problema de ordem física, sensorial, intelectual, emocional ou social, ou uma combinação destas problemáticas (...)". A palavra "comparativamente" sugere uma reflexão: se a intenção era desfocar do aluno suas dificuldades, como compará-lo a outros alunos?
No Brasil, o termo ganha força depois da Conferência Mundial da Educação Especial, em Salamanca, na Espanha, no ano de 1994.  A partir daí, o Brasil passa a adotar a terminologia em sua legislação.
Quem são os alunos portadores de necessidades educativas especiais?
Salamanca (1994) define que crianças e jovens com necessidades especiais são:
- de rua e que trabalham;
- de origem remota ou de população nômade;
- pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais;
- de grupos desavantajados ou marginalizados;
- deficientes e super-dotadas.
Existe uma abrangência em relação à definição e à terminologia necessidades educacionais especiais, o que pode gerar o esvaziamento do termo. É importante conhecer a terminologia, mas é necessário que se tome cuidado com os 'modismos' dos termos; o profissional da educação deve saber em que contexto tal definição foi produzida, o que ela realmente significa e em que ela pode auxiliar no processo.

Crianças e jovens com deficiência, transtornos e alguns casos que demandam necessidades educacionais especiais
De acordo com o Decreto 3.298, de 1999, no Brasil, são consideradas portadores de necessidades educacionais especiais pessoas que possuem algum tipo de deficiência física, auditiva, visual, mental e múltipla. 
A Política Nacional da Educação Especial, na perspectiva da educação inclusiva, traz a terminologia 'trastornos globais do desenvolvimento' e vai abordar autismo, esquizofrenia, entre outras.
Todas essas definições e categorias são ligadas ao conceito da saúde, mas é necessário que o professor:
- reconheça a complexidade destas terminologias/diagnósticos;
- conheça, para se instrumentalizar e atuar pedagogicamente;
- saiba dos riscos: pode ser estigmatizante, reduzindo uma pessoa com deficiência e também múltiplas competências a uma pessoa deficiente.

Leitura sugerida: "INCLUSÃO DO ALUNO COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS NO ENSINO REGULAR: UM DESAFIO PARA O EDUCADOR", da Mestre em Educação Roseleia Schneider. Disponível em http://www.sicoda.fw.uri.br/revistas/artigos/1_5_49.pdf

A reflexão sobre a aula deve nortear o pensamento, buscar o entendimento sobre necessidade educativa especial e deficiência e, principalmente, deve servir para que o professor não olhe para seu aluno sob a perspectiva de tal terminologia, mas pelo o que ele realmente é capaz de produzir.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Vídeo-aula 3: Ética e valores na ação educativa

"Ensinamos mais pelas nossas ações e exemplos. As ações são as que dão o ser ao pregador." (José Sérgio Carvalho)


A professora Kátia Amorim, na primeira vídeo-aula da disciplina Educação Especial/Inclusiva, faz uma retomada sobre alguns tópicos já abordados neste mesmo blog.

História da escola: a quem se destina?
As três revoluções educacionais
As três revoluções educacionais foi assunto da primeira vídeo-aula da disciplina Temas Transversais e a Estratégia de Projetos. Acesso em http://educatransforma.blogspot.com.br/2011/09/temas-transversais-e-elaboracao-de.html.

Mudanças/conflitos:
camada social restrita - diversas camadas sociais
homogeneização - diversidade
legitimação da exclusão -  legitimação do direito

Como o professor pode trabalhar quando a educação implica em novas e não conhecidas bases, e, mesmo, em desconhecidos recursos e tecnologias?
De acordo com a Professora Kátia, a educação é uma instância privilegiada para que práticas intolerantes sejam evitadas, devido a seu ambiente tão heterogêneo. Assim, o professor tem a função de identificar situações de intolerância e trabalhar a fim de promover a reflexão sobre valores entre seus alunos, firmando, dessa forma, compromisso com a educação inclusiva. Lidar, conviver e ensinar aqueles que a sociedade considerou como excluídos da escola torna-se um enorme desafio para o educador, que precisa trabalhar, fundamentalmente, as relações interpessoais. A afetividade e os valores positivos ajudam na condução do processo de inclusão do diferente. Muitas vezes, a bagagem que o professor traz com ele pode criar confrontos e conflitos; por isso, é necessário que ele pense, escreva, discuta os significados da escola, da educação, do aluno regular, da diferença, da doença, da deficiência, fazendo da reflexão caminho fundamental para que o processo de inclusão aconteça de forma positiva

Para o professor nunca esquecer:
- colocar-se no lugar do outro;
- assumir os limites do próprio fazer;
- conhecer a si e ao processo da criança e da história;
- trabalhar em parceria. 

Somos todos diferentes e temos todos o direito à educação! Disponível em http://www.fe.unb.br/educaesp/images/stories/Educaesp/home/Educaesp.jpg

terça-feira, 8 de maio de 2012

Vídeo-aula 2: A ação educativa ao longo da trajetória escolar

Silvia Colello, na vídeo-aula 2, da ação educativa ao longo da trajetória escolar.

A ação educativa deve estar em perfeita sintonia com a trajetória escolar do estudante. E, ao longo dessa trajetória de vida, o que a escola representa para o aluno? Qual o papel do professor nas sucessivas etapas da escolaridade?

Educação Infantil: escola como espaço de brincar
- escola marcada pela grande novidade, é um mundo de descobertas, marcado por brincadeiras e relação com os amigos. 
Papel do professor: institucionalização: investimento nas esferas afetiva, funcional, cognitiva, linguística e de ajustamento pessoal; o professor deve mostrar ao aluno o que é a escola e como a escola funciona.
Na educação infantil, a escola é caracterizada como um ambiente de brincadeiras e socialização. Imagem de domínio público, disponível em http://www.lasalle.edu.br/upload/DSC06407.JPG.

Ensino Fundamental (1º e 2º anos): escola como espaço do aprender.
- a criança percebe que há uma cobrança e o 'brincar' começa a perder espaço para outras atividades, como ler e contar.
Papel do professor: institucionalização: apoio funcional, fortalecimento do vínculo com o saber, estimulação dos valores que regem a convivência social. 

Ensino Fundamental (3º e 4º anos): escola como espaço plural. 
Papel do professor: escolarização: fortalecimento da relação aluno-escola pelas dimensões afetiva, metodológica, funcional, cognitiva e social. 

Os primeiros anos do Ensino Fundamental são marcados pelo início das cobranças. Imagem de domínio público, disponível em http://abcdnoticias.blogspot.com.br/2010/11/sao-caetano-abre-nesta-quarta-feira.html.

Ensino Fundamental II (5º ao 9º ano) e Ensino Médio: entre o reconhecimento da escola e a disponibilidade para investir na aprendizagem.
Papel do professor: escolarização e preparação para a vida social: apoio, orientação, sensibilização, conscientização sobre aspectos da vida e responsabilidade social. 

Ensino Fundamental II: desafios da pré-adolescência. Imagem de domínio público, disponível em http://www.fetems.org.br/up_img/ensino_fundamental.jpg.

Ensino Médio: adolescência, vestibular, mercado de trabalho, estudo e "paquera". Imagem de domínio público, disponível em http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/files/2011/04/edu.jpg.


As consideração são flexíveis e o professor deve ter a sensibilidade de perceber qual é o momento do seu aluno, para, aí sim, iniciar projetos, os quais seguem princípios indicativos em função do momento do aluno. O papel do educador é acolher o aluno, trazê-lo para dentro da escola (institucionalização), escolarizar (escolarização) e, por fim, "devolvê-lo" à sociedade, de forma responsável e, espera-se, preparado para a vida social. 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Vídeo-aula 1: Papel do professor: instruir ou educar?

Na vídeo 1, iniciando o Módulo IV, com a disciplina 'Profissão Docente', a professora Silvia Colello discute o verdadeiro papel do professor.

A resposta imediata é a de que o professor precisa ensinar. Porém, pairam sobre os alunos cobranças muito maiores que a mera aprendizagem e aquisição de conteúdos, como a inserção social, a consciência, a autonomia, e profissionalização, a responsabilidade e, além de tudo, precisamos considerar que os alunos vivem rodeado por "perigos", como DST, intolerância, corrupção, marginalidade, violência. Dessa forma, fica claro que o papel do professor deve ir muito além da simples transmissão de conhecimento.

Duas dimensões da profissão docente: instruir e educar.

Como conciliar essas duas dimensões do ser professor?
Para isso, é preciso pensar em uma dialética, numa forma de convivência dessas duas instâncias.

A educação deve se submeter ao ensino ou o ensino deve se submeter à educação?
Educação submetida ao ensino: o professor ensina os vários saberes (Português, Matemática, História, Geografia, Ciências, Inglês...) pretendendo que a somatória de todas as disciplinas resulte em um homem educado; por conta das pressões existentes, como avaliações, vestibulares, família, esse estudo conteudista ocorre muito em nosso sistema educacional, e deixa de lado o projeto de formação humana.
Ensino submetido à educação: projeto educativo em função do qual todos os saberes se justificam; as disciplinas são importantes em função de um projeto educativo maior. 
Segundo Georges Gusdorf, em 'Professores para quê' (1970):  A pedagogia real situa-se para além dos limites e das intenções de qualquer disciplina. para o autor, o ensino deve ser submetido à educação no sentido de desenvolver o potencial de cada um de nós. Atualmente, dos anos 60 para cá, essa postura se mantém, mas numa perspectiva muito mais socializante - valorizar o processo educativo no seu caráter social.

Capa do livro 'Professores para quê?', de Georges Gusdorf. Para adiquirir o livro online, basta acessar o site: http://www.estantevirtual.com.br/sebolinhapaulista/Georges-Gusdorf-Professores-para-Que-54811978

No trecho abaixo, retirado dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), fica  evidente a tendência de educar o homem para o mundo, para a responsabilidade e cultura de seu mundo:

"A importância dada aos conteúdos revela um compromisso da instituição escolar em garantir o acesso aos saberes elaborados socialmente, pois estes se constituem como instrumentos para o desenvolvilmento, a socialização, o exercício da cidadania democrática e a atuação no sentido de refutar ou reformular as deformações dos conhecimentos, as imposições de crenças dogmáticas e a petrificação de valores. Os conteúdos escolares que são ensinados devem, portanto, estar em consonância com as questões sociais que 
que marcam cada momento histórico.

Isso requer que a escola seja um espaço de formação e informação, em que a aprendizagem de conteúdos deve necessariamente favorecer a inserção do aluno no dia-a-dia das questões sociais marcantes em um universo cultural maior"

(Parâmetros Curriculares Nacionais - Introdução)


Papel do professor
O professor deve estar preparado para enfrentar a educação a partir de dois pólos completamente relacionais: a dimensão pedagógica (instruir, ensinar) e a dimensão educacional (projeto de formação humana) - estando a serviço do desenvolvimento, da aprendizagem, da personalização, da socialização, da humanização e, finalmente, da libertação. E, a fim de garantir o equilíbrio entre as dimensões pedagógica e educacional, a escola deve estar em sintonia com a sociedade, lidando com a macrosfera (dimensão mais ampla do projeto político pedagógico da escola) e a microsfera (cotidiano - diálogos, perguntas bem formuladas, atendimento à família).