sexta-feira, 18 de maio de 2012

Vídeo-aula 16: Trajetórias escolares de deficientes e a EJA: a questão do fracasso escolar

A professora Lucia Tinós fala sobre as trajetórias escolares de deficientes e a EJA, pensando o fracasso escolar.

EJA na Legislação
LDBEN/9394/96, Artigo 37, constitui a EJA como modalidade de ensino utilizada na rede pública no Brasil, para propiciar a educação de jovens e adultos.
Parecer CEB nº 11/2000: orientações sobre a organização e a função dessa modalidade de ensino.
Alguns autores ressaltam que a EJA, mesmo incorporada na Legislação, sempre foi uma modalidade posta em segundo plano.

E quem é o aluno da EJA?
- sujeitos compostos pela e na diversidade;
- oriundos de uma camada socialmente mais empobrecida e marginalizada: negros, idosos, trabalhadores ruais, alunos com NEE, etc.
- dentro da diversidade: aumento de alunos com deficiência.

Diferentes diagnósticos de deficiência na EJA, de acordo com pesquisa realizada em determinado município
- deficiência mental ou déficit intelectual: 43%
- deficiência auditiva: 18%
- deficiência visual: 2%
- deficiências múltiplas: 9%
- condutas atípicas: 14%
- deficiência física: 6%
Assim, surgem questões para reflexão como: quem dá o diagnóstico? Para que serve o diagnóstico? Como o diagnóstico ajuda o professor da EJA a lidar com o aluno com deficência?

Que caminhos levam esses jovens e adultos à EJA
- oriundos de escolas especiais, onde não completaram seu processo de escolarização: 51%
- oriundos de escolas municipais e públicas: 26%.

EJA: oportunidade ou armadilha?
A média de permanência dos alunos com necessidades especiais na escola é de dois a três anos na mesma sala  (segundo constatou a pesquisa apresentada pela professora Lúcia, alguns alunos já estavam há mais de 8 anos em uma mesma sala) impossibilitando, dessa forma, um avanço na escolarização. De todos os registros encontrados, apenas 0, 42% dos alunos com deficiência conseguiram certificação.

Os alunos da EJA são jovens e adultos com sonhos e projetos, que apresentam histórico de exclusão escolar. As propostas referendadas pela legislação estão longe de serem efetivadas, pois não se sustentam em informações concretas da realidade de seu alunado, "alunos invisíveis".

Nós, educadores, precisamos, portanto, tornar esses alunos visíveis e reconhecer todas as suas capacidades, as quais, muitas vezes, são maiores do que supomos.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Vídeo-aula 15: Como anda a educação especial no país??

A professora Kátia Amorim traz algumas informações sobre a educação especial no país.

Segundo dados do MEC - Ministério da Educação - o número de matrículas de alunos com necessidades especiais cresceu consideravelmente entre os anos de 1998 a 2006. Esses alunos, que frequentavam escolas especializadas, estão passando a frequentar escolas regulares, porém, a maioria ainda está fora da escola.  

O cenário da educação especial no Brasil em escolas regulares - complicações
- Registros e informações: precários, irregulares e lacunares. Na escola especial, temos o registro detalhado e regular.  As escolas regulares apresentam dificuldade em ter um registro de seus alunos. Quando existe a dificuldade de ter acesso à informações particulares de cada estudante, torna-se muito difícil traçar um diagnóstico de situações e, consequentemente, obter recursos necessários.
- Diagnóstico: os relatórios são dados de maneira diversa, impossibilitando a instrumentalização de professores para trabalhar com os alunos. Importante salientar também que um grande número de crianças não possuem sequer diagnóstico, o que, mais uma vez, reflete na impossibilidade de se conseguir recursos.
- Não diferenciação entre os graus de deficiência: é necessário que a deficiência discente seja especificada. Diagnósticos vagos não auxiliam a criança nem ao processo de inclusão. É fundamental lembrar, aqui, que o diagnóstico deve ser oferecido por um profissional da saúde especializado e não pelo professor. Dentre os diferentes diagnósticos que são dados, pode-se observar uma dominância da deficiência intelectual; as outras deficiências variam nas diferentes redes de ensino, o que se deve, fundamentalmente, a existência ou não de suporte. A questão do diagnóstico é uma questão central.
- Dominância absoluta de meninos: a maioria absoluta dos diangósticos é de meninos. A preocupação: será que as meninas estão sofrendo múltiplas exclusões? O mito do menino impossível se transformou em menino deficiente?
- Tempo de pemanência na escola: o tempo de permanência é quase desastroso. Na escola pública, a maioria absoluta fica de um a quatro anos no ensino regular. Um grande contingente chega a ficar somente um ano. As crianças com deficiência frequentam a escola, mas não permanecem lá. Nas escolas especializadas, as crianças podem passar o resto de suas vidas.

Escola especial
- Nos últimos 10 anos, o número de educandos aumentou cerca de 6, 44%.
- Prevalência de atendimentos da instituição - dois focos centrais: EJA (30,5%) e Educação Precoce (28%) - não certificam, de fato, o que possibilita uma inserção no mercado de trabalho.
- Parceria com o ensino regular ainda é muito baixa.

O país está longe de atender sua demanda de crianças e jovens com dificuldade especial. Cabe ao professor dialogar com a gestão para que haja na escola, ao menos, o registro, que permite diagnosticar a situação e garantir formas de intervenção.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Vídeo-aula 6: O professor e a diversidade cultural na sala de aula

Na vídeo-aula 6, a professora Rosa Iavelberg fala sobre a importância de se ensinar a diversidade cultural, a fim de promover o respeito entre os povos.

A diversidade cultural, ou seja, a manifestação das diversas culturas, deve ser levada de uma maneira ordenada ao currículo escolar. Os alunos precisam entender que as culturas são diversas e estão em mudança permanente, não são, portanto, estáticas e cada cultura tem sua história em permanente transformação.


Crianças da tribo Yawanawa colocam em prática o aprendizado da cultura típica do seu povo, pintando o corpo com tintas naturais. (Foto: Onofre Brito/Selcom) Disponível em http://www.flickr.com/photos/fotosdoacre/4521056880/

 
Origami, dobradura em papel típica da cultura japonesa. Disponível em http://olindaurgente.blogspot.com.br/2009/07/olinda-festival-da-cultura-japonesa.html.

Escultura de origem chilena. Disponível em http://www.myspace.com/ahmedperez/photos/68894774.


Os meios de expressão e comunicação presentes nas diversas culturas refletem os diferentes contextos históricos e sociais em que os objetos foram produzidos: estudar os objetos é conhecer os povos. A aprendizagem sobre a diversidade cultural se dá se o professor promove a criação e a fruição artísticas para o aluno aprender sobre a diversidade expressa na arte de diferentes tempos e lugares.

Alguns autores importantes falam sobre a diversidade cultural, F. Graeme Chalmers (Diversidade cultural e educación artistica, 2003, Barcelona, Paidós).
O estudo de autores sobre educação multicultural aponta para a arte:
- ensino nas escolas de diferentes conteúdos não pertencentes à cultura dominante;
- ênfase nas relações humanas como cooperação e respeito mútuo;
- ênfase nas relações individuo-grupo em diferentes culturais;
- ênfase na promoção do pluralismo e na diversidade cultural e na equidade social.

Cabe ao professor considerar as influências culturais na arte de cada povo e sua especificade política, social, religiosa, histórica, econômica, ambiental. Em educação, os recortes de conteúdos e temas no planejamento da História da Arte têm papel fundamental na educação orientada ao ensino da diversidade cultural na escola. A ideia é valorizar a integração daquilo que é produção cultural local com o conhecimento universal, expandindo o conhecimento que se tem com a história da arte.
O estudo das culturas locais recuperam o gosto por frequentar a escola, porque dizem respeito direto à identidade cultural dos estudantes, sua história, memória e universo de experiência; o aluno, assim, entrará em contato, de forma sistemática, com aquilo que sempre esteve presente em sua vida.

O vídeo mostra a diversidade cultural trabalhada na escola pública Amorim Lima, de São Paulo, capital. 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Vídeo-aula 5: O papel do professor na mediação cultural

Na vídeo-aula 5, a professora Rosa Iavelbert aborda o tema do papel do professor na mediação cultural.

Cultura e arte devem fazer parte do cotidiano escolar. Disponível em http://www.acrilex.com.br/admin/fotoCadastro/DSC04091.JPG.

É função do professor:
- aproximar os alunos dos agentes culturais - pessoas que trabalham com a a cultura, e também dos artistas -  aqueles que produzem arte;
- desmistificar a arte como o objeto acessível a poucos;
- desconstruir a arte como conhecimento distante do cotidiano;
- promover a consciência sobre o valor da arte na sociedade e na vida dos indivíduos;
- selecionar e apresentar ao aluno arte de qualidade e reconhecer-se nessas referências e na força dessas criações;
- selecionar conteúdos para o aluno perceber a importância da autoria, do protagonistmo nas formas, ideias, ações e escolhas em arte;
- trabalhar a arte com sentido na vida das pessoas e na sociedade.
- conhecer sobre o desenvolvimento artístico no fazer e na compreensão estética;
- conhecer sobre arte e educação em arte;
- participar de eventos artísticos e experimentar práticas artísticas;
- documentar os trabalhos realizados pelos alunos para que eles não se percam - portfólios e blogs de arte.

A arte promove a autoestima do aprendiz, porque possibilita a expressão individual, construída com base no saber fazer, saber interpretar, saber valorizar a arte. O aluno aprende arte com suas próprias produções, com a dos pares e a partir do conhecimento sobre a produção sócio-histórica da arte, de forma interativa e compartilhada. 
Os temas tranversais, questões sociais da atualidade, associam-se às poéticas e outros temas importantes no contexto educacional e são ensinados com as obras de arte. 
Arte inclui a pessoa do aprendiz, suas características culturais e potencial de transformação da própria condição e lugar de origem. A formação cultural, mediada pelo professor, promove a integração do indivíduo na sociedade e, portanto, fala de perto ao estudante, anima-o a frequentar a escola porque permite a ele que se manifeste e compartilhe suas experiências com os pares e apresente seus trabalhos à comunidade escolar ou compartilhe-os em redes sociais, transcendendo os limites da sala de aula.
Arte pressupõe práticas de educação diferenciada, reconhece a cultura como conteúdo de poder transformador e construtor da identidade do estudante.

O diálogo entre a produção artística da criança e a arte adulta
Escola Nova: destaque para os aspectos endógenos da aprendizagem (desenvolvimento da criança, sensibilidade, mundo interno, motivação, emoções, auto-expressão).
Escola Tradicional:  destaque para os aspectos exógenos da aprendizagem (cânones, valores culturais, informações do universo da arte, saberes técnicos, história da arte).
Escola Contemporânea: a interação com a arte adulta é feita pelas crianças e a estética adulta é ressignificativa na produção infantil, que a assmilia a seus esquemas artísticos, associando aspectos endógenos e exógenos.


O vídeo mostra como a arte, além de sua importância histórica e cultural, pode trabalhar a criatividade, expressão e personalidade, formando, assim, um conjunto produtivo para a aprendizagem.