quinta-feira, 14 de junho de 2012

Vídeo-aula 24: Modelos de ensino: das concepções docentes às práticas pedagógicas e Vídeo-aula 27 : O professor não pode estar só: parcerias dentro da escola

Nas vídeo-aulas 24 e 27, a professora e pesquisadora Claudia Helena Yazlle fala sobre parcerias, novos modelos de ensino e propõe uma reflexão acerca dos desafios que a inlcusão tem trazido para o contexto escolar.

A escola deve se preocupar com a questão da inclusão e procurar acolher e favorecer a educação de todos os alunos. Disponível em http://educaforum.blogspot.com.br/2012/04/o-engodo-da-inclusao-escolar.html.


As mudanças na legislação, as relações culturais e sociais, as demandas de mercado e as novas funções sociais da escola implicam na transformação do educador (formação e identidade profissional dos docentes). É um processo complexo que envolve inúmeros atores e a inclusão é mais um destes desafios.

Se antes, tínhamos um contexto, hoje temos outro.
Passado:
- ensino (situações e materiais);
- professor especialista;
- disciplina.
Atualmente:
- aprendizagem;
- integração curricular (trabalho em grupo e conhecimento amplo);
- coordenador (articulador);
- diversidade (inclusão);
- ampliação (e esvaziamento) de atribuições da escola.

Inclusão escolar
- lidar e articular as diferenças sociais economicas, culturais e individuais (de desenvolvimento humanos)
- trabalho em equipe / coletivo.
A inclusão não se restringe à experiência da criança com seu professor ou seus pais. O processo é muito mais amplo, envolvendo muitas outras relações da criança com os outros, como colegas e funcionários da escola. E quais são os desafios para cada um desses protagonistas do processo de inclusão? O processo da inclusão envolve diferenças expectativas:
Famílias de criança com NEE
- busca de aceitação e acolhimento do filho;
- estabelecimento de vínculos e relações sociais;
- autonomia e independência;
- busca de aprendizagem.
Demais famílias:
- receio de imitação e agressividade;
- "perder" em aprendizagem;
- valorização da inclusão como princípio ético.
Professores:
- dúvidas em relação ao 'estar preparado';
- como garantir a aprendizagem?;
- como lidar com as diferenças?;
- disciplinas e regras: são as mesmas para todos?;
O professor deve mergulhar nesse processo de questionamento e buscar uma compreensão.
Crianças com NEE:
- ouvir e escutar;
- reconhecer capacidades e habilidades;
- identificar necessidades;
- paradoxo da pluralidade.
Demais crianças:
- curiosidade e interesse pela diferença;
- "regras do grupo" - negociação e reflexão;
- respeito pelas difenrenças.

Vídeo sugerido: O documentário 'Não sei fazer isto, mas sei fazer aquilo' (I Can't Do This, But I Can Do That', EUA, 2011) é um relato inspirador sobre crianças com dificuldades de aprendizagem e os desafios da inclusão escolar. As crianças descobriram habilidades reais e aprenderam a utilizá-las para superar seus próprios desafios. Vale assistir! Abaixo, um trecho do filme.



A escola deve ser um espaço que propicie a reflexão, o planejamento e a avaliação e precisa procurar estabelecer uma relação de parceria com outros profissionais. Os profissionais da saúde, por exemplo, podem trazer à escola uma visão clínica e individual do aluno e enfatizar a dificuldade e a deficiência, contribuindo de forma significativa com o processo da inclusão.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Vídeo-aula 23: A educação de pessoas com necessidades especiais é de fato ineficaz?

A professora Kátia Amorim, na 23ª aula, aborda o tema inclusão e educação especial inclusiva.

Historicamente, a educação está embasada em paradigmas específicos que pressupõem que o desenvolvimento das pessoas - das crianças, especificamente, aqui - se dá de maneira igual e ao mesmo tempo, considerando os alunos de uma mesa sala ou até de uma mesma série. O professor espera regularidade e linearidade no processo de ensino e aprendizagem, acreditando, muitas vezes, que todos os seus alunos entendem da mesma maneira, ao mesmo tempo e completam o conhecimento em tempos próximos. Dessa forma, o aluno que não acompanha seus colegas, muitas vezes, é visto como deficitário, deficiente. A questão da diferença, dentro desse modelo que espera uma regularidade, implica uma ruptura dos princípios básicos da educação, já que a criança com qualquer tipo de deficiência desaparece; é como se ficasse uma imagem negativa em torno da criança, como se ela não possuísse habilidades importantes. O professor, assim, fica com a impressão de que não adianta investir naquele aluno. Para que o professor possa trabalhar com o aluno deficiente de forma produtiva, é necessário que ele considere seu desenvolvimento como uma questão complexa. E há, para auxiliar no trabalho do docente, instrumentos facilitadores para que o profissional consiga promover uma aprendizagem significativa, como a linguagem em braile para cegos, amplificadores para deficientes visuais, libras para os surdos, aparelhos auditivos para os deficientes auditivos, cadeiras e carteiras especiais para deficientes físicos.
Fundamental lembrar-se dos chamados deficientes intelectuais, que não necessitam, necessariamente, de uma linguagem alternativa. É possível ensinar alguma coisa à criança com deficiência intelectual? A criança ganha coisas além da socialização?
É preciso investir nesta criança. Fazemos isso quando deixamos alguns paradgimas de lado e pensamos que o desenvolvimento é complexo e que se dá de uma intrincada relação da pessoa com o meio. Temos que conhecer quais são as alterações que participam do quadro, o conjunto de características do jovem com deficiência. A capacidade depende da relação com o meio, ou seja, da relação professor com o aluno.

Plasticidade cerebral
Propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais e funcionais. Capacidade adptativa. É o potencial que o cérebro mantém para a recuperação funcional, que depende de vários fatores, como idade, local, tempo e natureza da lesão.

Teorias para explicar o funcionamento da plasticidade cerebral:
- mediada por partes adjacentes do tecido nervoso que não foram lesadas;
- alteração qualitativa da função de uma via nervosa íntegra controlando uma função que antes não era sua;
- estratégias motoras da função de uma via nervosa íntegra controlando uma função que antes não era sua;
- estratégias motoras diferentes para realizar atividade perdida: o movimento recuperado difere do original, apesar do resultado final ser semelhante.

Existem lesões potencialmente recuperávels, mas, para tanto, necessitam de objetivos precisos de investimento: conhecer essa criança para saber quais são as áreas afetadas, como potencializá-las e minimizar os efeitos negativos dessa região, descobrir quais são as habilidades que essa criança tem em sua estrutura. O diagnóstico auxilia bastante nesta tarefa.

Adriana Foz, educadora, psicopedagoga, especialista em neuropsicologia e pesquisadora em neurociência da educação, explica a plasticidade cerebral.


Filme sugerido: "O Milagre de Anne Sullivan" (The Miracle Worker, 1962, Arthur Penn). O longa conta a história da professora Anne Sullivan, brilhantemente interpretada por Anne Bancroft, e sua incansável tarefa de educar uma garota cega, surda e muda. Vale assistir!


O papel do meio (escola) e do professor no processo de mediação da criança com deficiência é fundamental para o avanço de seu desenvolvimento. O profissional precisa identificar as dificuldades do aluno, conhecer suas habilidades e descobrir potenciais. Não podemos pré-determinar qual será o limite do desenvolvimento do indivíduo. É preciso investir para conhecer o limite real, buscando formas alternativas para descobrir o potencial de desenvolvimento que ela tem.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Vídeo-aula 22: O professor leitor


Dupla delícia/ O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." (Mario Quintana)


Na vídeo-aula 22, o professor Gabriel Perissé fala sobre a necessidade de o professor ser um leitor.

A tirinha, do maravilhoso cartunista argentino Liniers, mostra o poder da leitura e o quanto ler é maravilhoso. A personagem Enriqueta é uma garotinha apaixonada por livros e leitora compulsiva. Em tradução livre: "Nas férias, você deve ler livros grandes, Madariaga. Livros gigantes, cheios de personagens. Livros que parecem viagens. Então, terá férias em dobro."
Disponível em
http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/tag/liniers.


Panorama da leitura no Brasil
- o brasileiro lê, e média, 4,7 livros pro ano (as mulheres lêem mais do que os homens);
- o Brasil tem uma biblioteca pública para cada 33 mil habitantes;
- quase 70% das escolas públicas nem sequer tem uma biblioteca.
Os dados são alarmantes e mosram o quanto nós, professores, temos, sim, que ser grandes leitores, obcecados, apaixonados para, dessa forma, incentivar os alunos a lerem e transformar a realidade.

Toda leitura é um aprendizado à distância: uma forma de aproximação com diversas realidades. Quando lemos, estamos sozinhos e, no entando, tudo o que está longe se aproxima. Esta é a operação maior da leitura. Não só toda leitura é um aprendizado à distância, mas todo aprendizado é uma leitura. Quando olhamos para o mundo, que é uma espécie de livro aberto, é como se estivéssemos lendo um texto. O conceito de leitura não é apenas olhar símbolos grafados no papel, mas abrir-se para a realidade. O professor que não é lê não é capaz de abrir os horizontes de seus alunos. Se o professor não é um leitor em potencial como poderá convencer seu aluno de que ler é algo fascinante, necessário, importante? Muitos professores são analfabetos funcionais - sabem ler, mas não lêem na verdade. Obrigar o aluno a ler, como se fosse um pré-requisito, só perpetua um trauma e faz da leitura algo desagradável e passageiro.
O professor deve saber ler nas linhas e também nas entrelinhas, para que possa interpretar não apenas livros, mas também a própria vida e a vida dos alunos. Na leitura das entrelinhas, podemos captar o sentido não evidente da realidade.

Leitura sugerida: O artigo "O professor leitor", de autoria do professor Ezequiel Theodoro da Silva, discute a necessidade de o professor ser um leitor em potencial. Disponível em http://www.anj.org.br/jornaleeducacao/o-professor-leitor.

A experiência da leitura pode questionar, ampliar, revolucionar, aperfeiçoar nossa visão de mundo e nos fazer criar um sistema pessoal de convicções. O professor não é um instrutor, deve ser um mestre, alguém que entusiasme e inspire seus alunos na vontade de conhecer e aprender. Nós, professores, devemos ampliar nosso diálogo, e incorporar em nossas aulas, em meio a conteúdos curriculares, temas que interessam os alunos e fazem parte de seu contexto. Lendo, ganhamos assunto e também o mundo! A formação de um leitor oferece abertura para conhecer as pequenas e grandes histórias da vida!

"Um leitor vive milhares de vidas antes de morrer; um homem que nunca lê vive somente uma". Imagem de domínio público disponível em http://imgfave.com/search/reading.

domingo, 10 de junho de 2012

Vídeo-aula 21: A complexidade da constituição docente

A vídeo-aula 21, minsitrada pela professora Silvia Colello, fala sobre os desafios da carreira do magistério.

Durante todas as nossas vídeo-aulas, vimos como é importante que o professor equilibre o instruir e educar, que ele seja mediador da cultura e lide com a diversisade, que tenha uma consciência pedagógica, tendo diretrizes claras de seu trabalho e da proposta didática, que ele possa sintonizar sua ação com o processo cognitivo do aluno e, ao mesmo tempo, reverter tantas causas do fracasso escolar. Também discutimos sobre a relação professor e aluno, que, além do que mera convivência, deve ser um cencontro transformador de pessoas. Também, por fim, abrangemos a necessidade do professor de superar as barreiras da escola e ensinar a partir da cidade educadora e das instituições culturais, aproveitando o munco como uma grande sala de aula.
Mas todos sabem e, principalmente, nós, professores, que não é fácil conviver com tantas responsabilidades. Ficam, assim, as perguntas: quais os desafios e a realidade do professor? Como o professor se coloca diante de tantas dificuldades?

O vídeo (Charges-okê) mostra, de forma descontraída, alguns dos inúmeros problemas enfrentados pelo professor no cotidiano escolar.


Histórico docente
Até a década de 70: o fracasso escolar era culpa do aluno. Preciso investir nas competências dos professores para reverter condições dos estudantes.

Anos 80: a escola como produtora do fracasso escolar; muda a compreensão do problema e a compreensão do papel do professor, permanecendo a lógica da formação: competência do professor.

Últimos anos: série de pesquisas destrincham a realidade do professor e mostram a constituição do professor como algo complexo. Fatores extrínsecos (curso, escola, o quanto ele ganha, processo de profissionalização - formação inicial e continuada) e fatores intrínsecos (como o professor viveu sua formação, como se assumiu enquanto ser professor, "profissionalidade" - ideia de que ao longo do processo de formação, o professor vai se modificando e entrando na profissão, passando a fazer parte do seu modo de ver o mundo). Assim, o professor se constitui, por assim dizer, além de sua visão de mundo e sua cultura profissional (base), de fatores extrínsecos e intrínsecos, mais a profissionalização e a profissionalidade. Também fazem parte de sua constituição os chamados saberes. Por um lado, os professores devem lidar com os conhecimentos formais, pedagógicos, de conteúdo. Para além desses conhecimentos, há outra leva de saberes, que são as concepções: aluno, aprendizagem e professor. Alinhavando esses diferentes tipos de saber, temos os saberes formalmente aprendidos na escola e no cursos de formação, mais os saberes vivenciados no cotidiano, que nos ajudam a testar os conhecimentos formais e criar outros. Tudo isso se dá a partir de condições objetivas e subjetivas de trabalho, e gera satisfaçõas e insatisfações, recompensas e decepções profundas.

Perspectivas teóricas do trabalho docente
- Disponibilidade pessoal para renovar o trabalho: professor aberto para mudanças;
- luta pela valorização do ensino e a constituição de um trabalho coletivo: lutar por uma condição política de valorização de seu trabalho;
- afirmar-se como sujeito do conhecimento: aquele que quer aprender;
- colocar-se como sujeito que define caminhos e cria alternativas.

Desafios em face da realidade
- A difícil construção de um ensino de qualidade;
- a desvalorização do ensino e o desinteresse dos jovens pelo magistério.



Desvalorização do magistério
A professora Silvia Colello apresentou dados que mostram que, em 2005, 103 mil professores foram formados no país. Em 2009, foram apenas 52 mil. Os resultados mostram que os jovens não querem mais se tornarem professores, pois a carreira docente não é mais atrativa.
O artigo, "Professores em fuga", veiculado no Jornal da Tarde em 18.02.2012, pela profa. Vera Lúcia Pereira dos Santos, mostra que o desinteresse dos adolescentes pelo magistério é reflexo de um processo que vem se corporificando há muito tempo e diz que os professores estão fugindo da carreira não por covardia, mas em busca da própria dignidade.

Dimensão técnica do trabalho do professor
- compreender, aplicar, problematizar e refletir. O professor deve transformçar a produção teórica em prática pedagógica.

Dimensão pessoal do trabalho do professor
- falta de autonomia, sobrecarga e desmotivação. Mais do que ensinar, o professor deve educar, compreender, estabelecer relações. A frustração costuma ser muito grande.

Os professores sentem angústias provenientes de diversos fatores, como burocracia, decepção, sobrecarga, condições de trabalho. No contexto da decepção social, temos duas possibilidades: carreira do docente que se esgota ao longo da carreira profissional e carreira comprometida porque já nasceu na "periferia do sonho" (termo criado por Maria Valéria Fernandes. Na periferia dos sonhos, BH: Authentics, 2004): professores que tornaram-se professores "sem querer".

Leitura sugerida: O artigo "Professores, desencanto com a profissão e abandono do magistério", de Flavinês Rebolo Lapo e Belmira Oliveira Bueno, busca compreender o processo de "esquecimento" da carreira do magistério. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16830.pdf.