quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Vídeo-aula 2: Os caminhos da interdisciplinaridade



                                Disponível em http://psicologoemportovelho.com.br

A segunda vídeo-aula é baseada no paradigma simplificador proposto pelo sociólogo francês Edgar Morin, em que leva o saber complexo a um pensamento simplificador. Fundamenta-se por três princípios:
- disjunção: criação das disciplinas;
- redução: estudo da parte como se fosse o todo, do complexo ao simples;
- abstração: matematização e formalização das ciências, organização do conteúdo. 
Segundo Morin, o pensamento simplificador trouxe muitas vantagens, como a divisão do trabalho, da produção de novos conhecimentos e permitiu ao homem controlar a natureza, contribuindo para o progresso científico e melhoria de vida da população entre os séculos XVII e XX. 

Quais os caminhos da disciplinaridade?
São três os movimentos provocados pela disciplinarização da ciência:
1) TRANSDISCIPLINARIDADE: além da disciplina - temáticas que ultrapassam a própria articulação entre as disciplinas. Estimulam o conhecimento da realidade articulando elementos que passam entre, além e através das disciplinas. 

2) MULTIDISCIPLINARIDADE: várias disciplinas, mantendo sua teoria e metodologia, explicando um fenômeno, mas não há o diálogo e a integração dos resultados; não explora a articulação.

3) INTERDISCIPLINARIDADE: surgiu para que houvesse relações mais fortes entre as disciplinas. Envolve mais de uma disciplina, e, diferentemente da multidisciplinaridade, há o diálogo entre as partes. Promove a integração dos resultados obtidos, buscando a solução dos problemas através da articulação entre as disciplinas. 

Após os apontamentos, podemos concluir dizendo que se faz necessário que a escola adote a interdisciplinaridade como prática em seu projeto pedagógico, pois a ação interdisciplinar é capaz de construir uma escola participativa e fundamental para a promoção de um sujeito social. 

Assim como peças de um quebra-cabeça, que se unem para formar um todo completo e cheio de significado, as disciplinas  podem dialogar entre si, buscando a formação eficaz, competente e autônoma do sujeito. Disponível em http://guedeslivia.blogspot.com

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Vídeo-aula 1: As revoluções educacionais

Como nos apresentou o professor Ulisses Araújo em nossa primeira aula, o sistema de educação passou por algumas mudanças ao longo dos séculos. Para que possamos entender os problemas e desafios da escola contemporânea, precisamos conhecer todo o processo pelo qual passou a educação tal qual a conhecemos hoje. Com base no que afirma o autor espanhol  José M. Esteve, a educação passou por três grandes revoluções. Abaixo, as características de cada uma delas.

1ª revolução educacional
A 1ª revolução educacional dura 2.000 anos. O acesso à escola limitava-se à classe burguesa e aristocrata; assim, apenas uma pequena parcela da população frequentava as então chamadas ''casas de instrução''. Relação aluno-professor individualizada.

2ª revolução educacional
A 2ª revolução educacional tem como marco o decreto do Rei Frederico Guilherme II, que tornava obrigatória a educação básica na Prússia (1787). A responsabilidade da educação, então, passa a ser do Estado e não mais da Igreja. Entra em cena o modelo pedagógico em que o professor é o detentor e o transmissor de todo o conhecimento; as classes eram homogêneas e apenas, aproximadamente, 10% da população frequentavam as aulas (legítima exclusão de alguns grupos, como mulheres e pobres).

3ª revolução educacional
As palavras-chave do que chamamos de a 3ª revolução educacional são universalização e democratização do ensino. Agora, todos têm direito à educação pública. A sala de aula passa a ser um espaço muito grande de diversidade, frequentado por pessoas com diferenças de capacidade cognitivas, físicas, afetivas e morais.
É dever da escola saber trabalhar com todas essas diferenças, respeitando e convivendo com elas, afastando qualquer ideia de exclusão.

E o desafio está lançado! A escola está, de fato, preparada para conciliar acessibilidade, equidade e qualidade? É preciso que a escola acompanhe as transformações da sociedade, para que consiga desempenhar, de forma satisfatória, o papel que lhe é destinado há tantos anos, fazendo uso de diversas linguagens e recursos e aperfeiçoando profissionais.

Ao observamos atentamente as duas fotos acima, percebemos as nítidas diferenças entre uma sala de aula dos anos 20 (foto1) e outra, dos anos 2000 (foto2). Na primeira, fica clara a homogeneidade da classe, formada apenas por meninos, todos vestidos de forma semelhante, apresentando posturas parecidas, com atenção única e exclusiva no professor, detentor e transmissor do conhecimento. Na segunda foto, a classe é heterogênea, formada por meninos e meninas, postados ao lado da professora, dialogando e participando da aula.




segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Vídeo-aula 4: A escola e a construção de valores

 A construção coletiva, o diálogo e o papel ativo dos alunos devem fazer parte do cotidiano escolar.

o professor não pode estabelecer com o aluno uma relação unilateral, onde ele é o detentor de todo o conhecimento. Como a escola pode atuar no processo de formação de construção de valores morais no indivíduo?



Na tira, de Quino, Mafalda e Manoelito auxiliam na reflexão que fazemos acerca dos valores essenciais nos dias de hoje.



1) CONTEÚDOS ESCOLARES: é difícil vermos uma escola cujo currículo seja baseado em valores.  É preciso que temas como ética, direitos humanos, inclusão social e convivência estejam inseridos no currículo escolar, de forma transversal e interdisciplinar.Segue um link de uma entrevista do professor Ulisses Araújo, em que ele discute, entre outros tópicos, como é possível trabalhar com temas transversais em sala de aula. http://www.abrae.com.br/entrevistas/entr_uli.htm

2) METODOLOGIA DAS AULAS: o professor não pode estabelecer com o aluno uma relação unilateral, onde ele é o detentor de todo o conhecimento. É preciso que haja diálogo e participação de ambas as partes, professor e aluno. A construção coletiva, o diálogo e o papel ativo dos alunos devem fazer parte do cotidiano escolar.

3) TRABALHO INTENCIONAL COM VALORES: a escola precisa ter a INTENÇÃO de que o aluno compreenda noções de valores e cidadania, incorporando esses temas em seu projeto pedagógico. 

4) RELAÇÕES INTERPESSOAIS: é necessário que sentimentos como respeito, autoridade, admiração devem ser desenvolvidos em sala de aula. 

5)      AUTOESTIMA: para trabalhar com valores, é preciso que haja a crença em sim mesmo. A escola precisa reforçar a autoimagem positiva do aluno, sem esquecer que a discriminação gera baixa autoestima ou uma autoimagem negativa.

6)      AUTO-CONHECIMENTO: consciência dos próprios sentimentos e emoções. Se conhecer para reconhecer nos outros. 

7)      GESTÃO ESCOLAR: é preciso haver diálogos entre as partes para haver democracia.

Após a síntese da aula e as inferências, fica claro que, cada vez mais, faz-se necessário trabalhar a conscientização de valores morais no indivíduo. É um papel que a escola precisa desempenhar, já que se trata de um ambiente diverso, envolto em situações complexas e desafiadoras. 


Vídeo-aula 3: O juízo moral na criança



                                                             


Como base da aula, o livro ‘O juízo moral da criança’, de 1932, escrito por Jean Piaget (foto), onde aborda, de maneira criativa, o tema da moralidade: ele entrevista crianças, a fim de compreender qual a concepção das mesmas sobre a mentira, a obediência e o castigo. 

Para Piaget, a moral está vinculada às regras. Nesse sentido, uma pessoa moral é aquela que cumpre as regras da sociedade, segue as leis sociais. A criança, jovem ou adulto, para ser ético ou moral, não deve obedecer pelo simples medo da punição. Para que haja o respeito, é necessário que haja, também, o vínculo afetivo entre as partes.
Piaget sugere três fases pela qual passa a criança em seu processo de desenvolvimento moral: anomia, heteronomia e autonomia. Cabe ressaltar que as fases não constituem, necessariamente, estágios, já que não é raro encontrar adultos ainda na fase da heteronomia. Vejamos as características principais de cada uma dessas fases:

A/NOMIA
HETERO/NOMIA
AUTO/NOMIA
A: negação
NOMIA: leia
FASE PRÉ-MORAL
Fase natural do recém-nascido, em que o sujeito não se apropria de regras e normas;  as necessidades básicas da criança determinam suas regras de conduta e comportamento.
HETERO: vários – regras vindo de fontes variadas.
O sujeito, nesta fase, obedece regras e normas movido pelo medo de uma punição. Conhece as regras, mas é coagido. As obrigações não são elaboras pela própria consciência. Sem autoridade, é indisciplinado.
AUTO: dirigido a si próprio.
Sujeito capaz de direcionar-se. As regras estão internalizadas. Cooperação.
O indivíduo, aqui, é capaz de governar a si mesmo e agir de acordo com suas convicções e valores próprios. Possui princípios éticos e morais. Na ausência da autoridade, continua o mesmo.

Assim, a criança deve sair de sua fase inicial e passar gradualmente para as fases seguintes, adquirindo sua autonomia moral e intelectual, que é o objetivo fundamental da educação moral.
Pergunta-se: como trabalhar em função da autonomia?
O professor Ulisses esclarece, embasado nas idéias de Piaget, que o foco deve estar no trabalho cooperativo. As relações devem estar baseadas no respeito mútuo e no diálogo.Relações unilaterais, baseadas no medo, na coação e na opressão, em nada contribuem para a formação de um indivíduo autônomo. 
É importante salientar que há grandes diferenças entre ser autônomo e ser independente (anomia). Para alcançar a autonomia plena, o sujeito tem consciência de coletivo e as regras estão internalizadas.

Abaixo, um vídeo em que a professora Telma Vinha, pedagoga, doutora em educação na área de Psicologia, Desenvolvimento Humano e Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp e professora do departamento de psicologia educacional desta mesma instituição, fala sobre o desenvolvimento moral da criança (heteronomia – autonomia) e, um pouco mais além, questões de indisciplina.