quinta-feira, 21 de junho de 2012

Vídeo-aula 28: O professor não pode estar só. O espaço interdisciplinar e com a comunidade.

Na última aula da disciplina Educação especial/inclusiva, a professora Jaqueline Amorim fala sobre o espaço interdisciplinar e com a comunidade.

A Constituição Federal de 1988 traz como princípio a "igualdade de condições para acesso e permanência na escola", "direito de todos". Porém, observamos que na prática isso não acontece.
O professor, na maioria das vezes, sente-se inseguro em lidar com alunos com necessidades educacionais especiais (NEE), já que estes estudantes podem comportar-se diferente e precisarem de uma forma de aprender diferenciada. A persistência das dificuldades e incapacidades do aluno questiona as expectativas do professor sobre o potencial do aluno e as expectativas do professor sobre sua própria capacidade de fazer aprender.

A frustração do professor
O exercício de lidar com a frustração é de extrema importância e envolve a revisão das expectativas "onde eu professor acredito que esse aluno pode chegar", "onde esse aluno tem a possibilidade de chegar" e a revisão das perspectivas na atuação "como eu posso preparar minha aula de modo a inlcuir este aluno, respeitando suas dificuldades e investindo em seus potenciais" - merece atenção e espaço de compartilhamento, comonos momentos de horário de trabalho pedagógico coletivo.
O professor, sozinho, ainda que busque ajuda na equipe escolar de apoio - a qual, muitas vezes, não dispõe de recursos para atuar efetivamente na situação - vê seu esforço e seu recurso esgotado no âmbito educacional e chega à conclusão de que aquela escola, aquele grupo já não pode mais fazer nada por aquele aluno. Assim, torna-se natural compreender que o aluno não tem recursos para estar ali.
Assim, aluno e professor são responsabilizados / culpabilizados pelo insucesso - personificam-se as dificuldades e culpabilizam-se pessoas. O aluno sente-se excluído e o professor, desvalorizado e desestimulado.

Quem deve ajudar nessa situação?


- equipe escolar: tem papel de garantir uma escola inclusiva, realizar encaminhamentos e solicitar serviços, realizar a busca e acesso a suporte, identificar recursos existentes na comunidade, estabelecer parcerias, convenios ou quaiser outras formas de ação conjunta.
- outros profissionais/equipe interdisciplinar: a possibilidade de discussão com profissionais da Psicologia, da Assistência Social, o acesso a profissionais da saúde que possam fazer diagnósticos e que realizam o acompanhamento desses alunos e/ou de suas famílias enriquece e amplia a possibilidades de intervenção. Todos se sentem mais capazes quando descobrem novas possibilidades de intervir. A própria criança sente-se capaz, pois se sente compreendida em sua dificuldade, e ainda ganha motivação para desenvolver e descobrir seus potenciais.
Porém, é preciso atenção. Múltiplos profissionais realizando múltipos atendimaneto sob múltiplas perspectivas garantem um atendimento multidisciplinar - a criança ou adolescente pode ser visto de modo fragmentado, como possibilidade de repetições no atendimento (lacunas nas ações). O empenho integrado, o contato não hierárquico entre profissioanis e a discussão para além de relatórios e documentos diagnósticos garantem o atendimento interdisciplinar: compartilhamento de saber, ampliação de perspectivas, possibilidade de compreensão da criança ou adolescente em sua complexidade e potencialidades - abertura de novas possibilidas, inclusive de mobilização da família.
A equipe interdisciplinar possibilita a ampliação das perspectivas e possibilidades, maneira de compreender o aluno com NEE e a maneira de rever e compreender  o papel do professor (limites e possibilidades).

A sala de aula: o professor não está só
A sala de aula necessita de um professor com disponibilidade à mudança e à compreensão empática do aluno, que esteja disposto a conhecê-los com o apoio de outros profissionais, programar aulas, com o apoio da equipe de coordenação pedagógica e/ou de Educação especial.  

Leitura sugerida: O site Construir Notícias traz uma entrevista com a psicóloga e consultora dos vídeos de Ed. Especial, produzidos pela Tv Escola, Marta Gil, sobre a relação professor-aluno portador de NEE. Disponível em: http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=91.

É tarefa do professor:
- exigir que a equipe escolar cumpra seu papel no estabelecimento de parcerias e serviços de suporte, a fim de que seus alunos sejam atendidos em suas necessidades especiais;
- comunicar-se com seus alunos, por meio de gestos, olhares e palavras, sua compreensão, confiança e a crença no seu potencial;
- refletir sobre suas percepções e expectaivas a respeito do aluno;
- comunicar-se com os pais e enconrajá-los a não desistir de seus filhos. 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Vídeo-aula 26: Professor autor


Lemos, interagimos, produzimos...


Na vídeo aula 26, o professor Gabriel Perissé fala sobre a terceira dimensão da formação docente: a autoria. As outras duas, como já abordadas neste blog, são a leitura e a reflexão.

A experiência da leitura pode questionar, ampliar, revolucionar, aperfeiçoar nossa visão de mundo e nos fazer criar um sistema pessoal de convicções, o qual expressamos como autores. Estamos, a todo tempo, falando, fabulando, conversando com os outros e conosco mesmos. Quando expressamos nossas ideias e convicções, nos expressamos como autores; o autor fala por si próprio, pois pensa por conta própria e se expressa por suas próprias capacidades.
Um profissional da educação que não é autor de suas ideias e ações, que não é responsável por aquilo que faz, que apenas obedece, de forma servil, não pode ser um propiciador de autonomia. O profissional docente precisa exercitar sua própria crítica e autonomia, tendo total liberdade de tomar suas decisões.
A autoria está muito ligada ao exercício da liberdade. O criador é livre, cria as próprias regras do seu fazer, entra em sintonia, em êxtase, com o material que manipula. Este momento de grande autonomia, liberdade e sintonia deve estar presente na sala de aula. Quando o professor é acorrentado por uma série de obrigações que o impedem de dizer o que pensa, por exemplo, não torna-se capaz de cumprir seu papel fundamental, que é o de formar um cidadão crítico, autônomo, atuante na sociedade.
A autonomia docente não se conquista sem um estilo de ensinar; o professor conquista à medida que trabalha e abre espaço a seu próprio estilo e personalidade. Muitas vezes, infelizmente, os professores brasileiros são maltratados e permanecem calado, abnegados, quando deveriam ser líderes sociais, referências intelectuais da sociedade.
É necessário que o professor cause uma ruptura, uma surpresa, um certo desconforto, para que, assim, possa reconstruir o conhecimento com sua própria maneira de ver o mundo; ele deve surpreender-se e surpreender os outros, saindo, dessa maneira, da comodidade, do lugar-comum. É preciso criar novos âmbitos, novos espaços, novas ideias, criar convicções pessoais.  
Também é tarefa do professor atuar na internet, já que as crianças e jovens de hoje já nasceram no ambiente virtual, na chamada era digital. É importante que o professor autor atue na internet, crie seu espaço para interagir com pessoas de todas as idades, inclusive, com seus alunos, sempre, claro, lembrando-se de se manter nos limites da ética humana. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Vídeo-aula 25: Professor pensador

Na 25ª aula da disciplina Profissão Docente, o professor Gabriel Perissé fala sobre a dimensão da reflexão na formação docente, o professor pensador.

O exercício da curiosidade, da reflexão e do diálogo com o extramental nos leva ao momento das decisões. O curioso é aquele que faz perguntas, que não se satisfaz com as primeiras respostas, que questiona as causas, que tem uma inquietação intelectual. Não somos apenas receptores de informação, não somos continentes para conteúdos; nós apreendemos o conteúdo e o assimilamos, refletindo sobre o assunto e gerando novos conhecimentos. Quando pensamos, dialogamos conosco mesmos.
A experiência da leitura pode questionar, ampliar, revolucionar, aperfeiçoar nossa visão de mundo e nos fazer criar um sistema pessoal de convicções. Temos opiniões e achismos a respeito de tudo - o chamado intrusismo: pessoas das mais diferentes áreas profissionais sentem-se aptos a falarem sobre qualquer assunto. Devemos construir um sistema pessoal de convicção (e não somente de ideias), que são conceitos aprofundados fortalecedores da nossa maneira de ver e nos comportar no mundo. Quando tomamos uma decisão, ela deve estar baseada em uma convicção construída. Taí um dos principais papeis da educação: transformar pessoas em seres ponderados.

Relação leitura-pensamento
Ler é assimilar, é apreender. Quando lemos, não lemos apenas para decifrar, mas para compreender o que vai além da leitura, para compreendermos a nós mesmos. Pensamentos geram outros pensamentos.

O trabalho do professor
Entre os inúmeros papéis do professor, está o de desenvolver uma lição de casa atraente, que faça o aluno, movido por uma motivação pessoal, pensar e, consequentemente, gere aprendizado. O docente deve fazer uma mediação, transformar a necessidade do apredizado em prazer em conhecer.

Pedagogia reflexiva
A pedagogia reflexiva consiste não apenas na transmissão burocrática de conhecimento, mas em um verdadeiro encontro entre a iniciativa do professor e dos alunos, entre o talento, a vocação e a curiosidade do professor e o talento, a vocação e a curiosidade de seus alunos também.

O educador deve surpreender seus alunos: levar até a sala de aula situações de aprendizado que gerem curiosidade e, assim, promovam não apenas o conhecimento mas o prazer em aprender.