terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Vídeo-aula 26: Uh-Batuk-Erê: Uma ação de comunidade

O professor Edson Azevedo, na vídeo-aula 26, traz uma experiência realizada na EMEF Professora Esmeralda Salles Pereira Ramos, no Tremembé. 
O projeto Uh-Batuk-Erê, tendo a arte como mediadora do multiculturalismo presente na identidade brasileira, iniciou-se devido aos estigmas observados na comunidade escolar: baixa autoestima, dificuldade de se colocar e expressar opiniões, distorções de identidade. Os muitos conflitos existentes no ambiente escolar e, na comunidade, mais amplamente, impulsionou o projeto, que tinha como objetivos principais garantir maior autonomia entre os alunos e estabelecer uma relação de diálogo entre os diversos saberes e tradições.

Etapas do projeto
1) encontros de formação;
2) oficinas: percussão, dança, capoeira, artesanato, oralidade, canto;
3) fóruns comunitários: espaço de discussão (demanda, estigmas, preconceitos, tomadas de decisão). A escola, assim, passa a assumir seu papel de responsabilidade em relação aos problemas da comunidade. Contato com leituras e textos - elaboração da Carta ao Esmeralda (carta de intenções com demandas colocadas pelos membros da própria comunidade e encaminhada para órgãos responsáveis);
4) trilhas culturais - jovens protagonistas vivenciando outros espaços da cidade de cultura e lazer;
5) apresentações externas (levar a experiência para outras comunidades) e internas (mostrar para a comunidade, em confraternizações, os resultados positivos do projeto - mudanças de comportamento entre os alunos, por exemplo).  

Conquistas locais e externas 
Locais: reconhecimento da escola como ser de referência de cultura afro-indígena. A escola obteve prêmios e mençoes honrosas - fortalecimento do grupo.
Externas: âmbito federal. Os alunos cumpriram seu papel de protagonistas e organizaram o espetáculo "Mulheres e Divindades", exibido em São Paulo.

O que o projeto trouxe de inovador?
Fundamentalmente, o diálogo permanente entre a ação, a emoção e a nova ação, em um processo contínuo de formação que aproxima seus componentes - processo de ruptura.

O que mudou com o projeto?
- relação como grupos;
- atuação e envolvimento nos espaço-escola;
- compartilhamento de ações coletivas;
- encontros comunitários;
- redução de preconceitos e desigualdades;

Em que os alunos passaram a acreditar?
- resultados concretos e mensuráveis;
- ressignificação da escola como elemento agregador;
- envolvimento da comunidade;
- valorização do saber popular associado ao sistematizado;
- construção da cidadania com emoção e conhecimento;
- formação e reconhecimento de suas próprias histórias.

Após as apresentação do projeto Uh-Batuk-Erê, fica claro que a escola tem um papel muito grande de responsabilidade comunitária, e pode, junto à comunidade, transformar espaços, indo além de seus muros. Os fóruns precisam exisitr, como espaços de discussão e busca de soluções para os problemas enfrentados pela escola e comunidade.

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (Fernando Pessoa)

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