sexta-feira, 23 de março de 2012

Vídeo-aula 15: Produção da identidade/diferença: culturas juvenis e tecnocultura

Na vídeo-aula 15, a professora Monica Fogaça fala sobre a importância da tecnocultura/cybercultura na produção da identidade juvenil.

O que é juventude?
- Concepção natural ou cultural? Maturação ou produto das condições históricas e dos discursos? A autora afirma que mais do que uma etapa de maturação natural, juventude é o resultado das condições econômicas, políticas e culturais de cada época e local. Além, disso, há os discursos do meio que influenciam no que eles virão a ser. As culturas juvenis são produzidas por produções históricas e discursos.

2. Condições históricas e discursos
- Elite na Grécia Antiga (direito ao ócio): ser jovem na Grécia Antiga era até os 40 anos de idade, tempo para se preparar para os cargos de comando.
- Invenção da infância no século XVII (separação das práticas de adultos e crianças) - século 17: primeiro passo para a construção atual da juventude. Redução da taxa de mortalidade, invenção da imprensa, mudança das arquiteturas das casas, o que isola crianças e adultos.
- Necessidade pós-revoluções industriais (produção da juventude na classe média) - séculos 18 e 19: passa-se a ser necessário aprender mais que ler, escrever e contar, já que é necessário, agora, a preparação para o mundo do trabalho. 
- O estado de bem-estar social e a juventude transviada (produção da juventude para o empobrecidos e o papel das mídias) - 1945-1975: o auge do crescimento do capitalismo, principalmente na Europa e nos EUA, possibilita nova taxa de ingresso nas escolas. Surgem leis de garantia de acesso à educação até os 16 anos. No Brasil, a conquista é recente. Nessa fase, o crescimento econômico é concomitante ao crescimento das mídias, que começam a discursar formas de ver o que é ser jovem. A ideia de jovem universal: ser rebelde, usar drogas, fazer experimentações sexuais, gostar principalmente de rock.
Trailer do filme Juventude Transviada (Rebel without a case), de Nicholas Ray, 1955. O filme, com James Dean no papel principal, retrata muito bem a concepção de jovem da década de 50.

É importante lembrar que a mídia divulga aquilo que já é prática de alguns grupos sociais e, dessa forma, crianças e jovens podem se identificar, por conta do que já vivem em suas culturas e, assim, desenvolver novos comportamentos. A mídia não determina, o que existe é um processo de identificação.

- Noção da diversidade de cultura juvenis (identificação e ressignificação das mídias) - 1960: potência na escola. Não existe um padrão de cultura juvenil, vestimentas, gostos e comportamentos diferentes. 

O padrão de jovens divulgado pelas mídias: seguros, felizes, cheio de amigos. Disponível em http://vaccarezza.com.br/wp-content/uploads/2011/01/jovens-felizes.jpg




As diferenças.


O padrão de jovens agora divulgado nas mídias é o padrão de jovem de sucesso, feliz, seguro, popular, que participa de muitas festas, geralmente apresentado associado a artistas, esportistas; não ser, assim, dessa forma, é ser diferente. A mídia não inventa padrões, mas conhece grupos e segura essa identificação, encontrando tendências. O jovem é uma minoria subjugada na escola, pois os discursos apontam que ele é violento, agressivo, que não tem conhecimento; seus saberes estão contidos como 'não adequados para o mundo acadêmicos'. A escola deve mapear, levantar quais as características dos grupos de jovens da comunidade para produzir suas práticas pedagógicas, gerando produção - o que vai propiciar o diálogo durante as aulas.


3) Tecnocultura: a cultura juvenil urbana


A maioria dos jovens urbanos tem por cultura a internet. A MTV encomendou 5 dossiês de 1999 para verificar quais são os comportamentos dos jovens e descobriu a grande importância que tem os aparelhos eletrônicos na vida deles. Mais de 90% utilizam aparelhos eletrônicos e suas diferentes linguagens. 
- tecnologia digital x tecnocultura: vivem na internet um conjunto de práticas diferentes do que eles vivem do lado de fora. Não apenas usam a tecnologia, mas fazem parte dela, como se fosse algo integrado ao próprio corpo.
- Cyborgs: desnaturalização do copo, do tempo, do espaço, dos contextos, outras linguagens, outras formas de pensamento, o que confere poder e é o espelho dos limites que eles precisam ter.
- inseguros com o corpo, relação social presencial, com a violência, outras formas de intervenção (espaço com potencial democrática, associando-se com a tecnocultura)

No link, uma matéria de Outubro de 2010, veiculada no site da Revista Nova Escola, abordando o questão da forte ligação do jovem com a tecnologia. 


É preciso conhecer e respeitar práticas, dialogando, integrando, produzindo híbridos, em um espaço de ensino-aprendizagem que pode gerar influências sobre a formação das identidades juvenis.


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