domingo, 2 de outubro de 2011

Vídeo-aula 19: Podem a ética e a cidadania ser ensinadas?

Na vídeo-aula 19, o professor José Sérgio Carvalho traz algumas discussões dos filósofos gregos acerca do tema ética, ou como costumavam chamar, formação para virtude; a partir disso, concluímos que a discussão sobre ensinar ou não ética e valores em sala de aula não está presente apenas aos dias de hoje. A questão tema de nossa aula era um problema de alta relevância na Grécia Antiga. 
Citando Aristóteles:

“Os homens tornam-se bons e virtuosos devido a três fatores, e estes são, a natureza, o hábito e a razão. Ora, a razão e a inteligência são os fins da nossa natureza. Por isso é necessário preparar-lhes a formação e o cultivo dos hábitos. Já se disse que a natureza devem ser os futuros cidadãos [...] o resto é obra da educação. Realmente toda arte e educação esforçam-se por completar o que falta à natureza. Ninguém porá em dúvida que ao legislador incumbe, sobretudo o cuidado à educação. Pois o costume adequado a cada constituição sói defendê-lo e, no começo fundá-lo também… E sempre o costume melhor é a causa de melhor constituição. É claro, então que compete às leis regularem a educação e torná-la pública.”

Assim, para o filósofo, ética é um problema a ser formado, reforçando a ideia de que a natureza nos dá traços, mas somos formados pela virtude. Uma sociedade democrática forma cidadãos democráticos, e,  ao mesmo tempo, uma formação democrática aperfeiçoa uma sociedade democrática; a educação deve estar a serviço do bem comum (pólis, cidade). 
A ética não pode ser considerada, como a matemática ou a geografia, por exemplo, uma disciplina alocada, especializada, regular, ou seja, os valores que guiam nossas condutas são práticas sociais, que herdamos de todos e transmitimos a todos. A escola deve reconhecer que a formação ética conta com a participação de toda a comunidade escolar, englobando, portanto, não apenas professores e diretores, mas todo o entorno da escola.
Citando Platão:

"... Quando o aluno começa a ler e começa a compreender o que está escrito.. dão-lhe... a ler de bons poetas... prenhe de conceitos morais... do mesmo modo procedem os professores de cítara: envidam esforços para deixar temperantes os meninos e desviá-los da prática de ações más".

A fala de Platão é muito interessante, pois remete diretamente à tarefa do professor, deixando claro que a formação ética não se desvincula do conteúdo escolar; o professor deve ensinar o aluno a ser temperante, equilibrado, não simplesmente através de discursos prontos, mas, principalmente, por suas ações, sua prática. O ensino da virtude não corresponde ao ensino da formação; o primeiro exige tempo e que o professor, por meio de suas práticas e exemplos, demonstre a seus alunos quais são os valores positivos a serem absorvidos. É importante lembrar que, da mesma maneira que ensinamos valores por meio de comportamentos, ensinamos também os vícios, como racismo e preconceito. Portanto, é necessário que o professor esteja atento e consciente, não só em relação ao conteúdo, mas, principalmente, em relação a suas atitudes. 


O vídeo é uma propaganda de conscientização veiculada na Austrália. As imagens nos fazem refletir sobre como nossos comportamentos e atitudes podem influenciar uma criança a agir da mesma forma.  

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