domingo, 10 de junho de 2012

Vídeo-aula 21: A complexidade da constituição docente

A vídeo-aula 21, minsitrada pela professora Silvia Colello, fala sobre os desafios da carreira do magistério.

Durante todas as nossas vídeo-aulas, vimos como é importante que o professor equilibre o instruir e educar, que ele seja mediador da cultura e lide com a diversisade, que tenha uma consciência pedagógica, tendo diretrizes claras de seu trabalho e da proposta didática, que ele possa sintonizar sua ação com o processo cognitivo do aluno e, ao mesmo tempo, reverter tantas causas do fracasso escolar. Também discutimos sobre a relação professor e aluno, que, além do que mera convivência, deve ser um cencontro transformador de pessoas. Também, por fim, abrangemos a necessidade do professor de superar as barreiras da escola e ensinar a partir da cidade educadora e das instituições culturais, aproveitando o munco como uma grande sala de aula.
Mas todos sabem e, principalmente, nós, professores, que não é fácil conviver com tantas responsabilidades. Ficam, assim, as perguntas: quais os desafios e a realidade do professor? Como o professor se coloca diante de tantas dificuldades?

O vídeo (Charges-okê) mostra, de forma descontraída, alguns dos inúmeros problemas enfrentados pelo professor no cotidiano escolar.


Histórico docente
Até a década de 70: o fracasso escolar era culpa do aluno. Preciso investir nas competências dos professores para reverter condições dos estudantes.

Anos 80: a escola como produtora do fracasso escolar; muda a compreensão do problema e a compreensão do papel do professor, permanecendo a lógica da formação: competência do professor.

Últimos anos: série de pesquisas destrincham a realidade do professor e mostram a constituição do professor como algo complexo. Fatores extrínsecos (curso, escola, o quanto ele ganha, processo de profissionalização - formação inicial e continuada) e fatores intrínsecos (como o professor viveu sua formação, como se assumiu enquanto ser professor, "profissionalidade" - ideia de que ao longo do processo de formação, o professor vai se modificando e entrando na profissão, passando a fazer parte do seu modo de ver o mundo). Assim, o professor se constitui, por assim dizer, além de sua visão de mundo e sua cultura profissional (base), de fatores extrínsecos e intrínsecos, mais a profissionalização e a profissionalidade. Também fazem parte de sua constituição os chamados saberes. Por um lado, os professores devem lidar com os conhecimentos formais, pedagógicos, de conteúdo. Para além desses conhecimentos, há outra leva de saberes, que são as concepções: aluno, aprendizagem e professor. Alinhavando esses diferentes tipos de saber, temos os saberes formalmente aprendidos na escola e no cursos de formação, mais os saberes vivenciados no cotidiano, que nos ajudam a testar os conhecimentos formais e criar outros. Tudo isso se dá a partir de condições objetivas e subjetivas de trabalho, e gera satisfaçõas e insatisfações, recompensas e decepções profundas.

Perspectivas teóricas do trabalho docente
- Disponibilidade pessoal para renovar o trabalho: professor aberto para mudanças;
- luta pela valorização do ensino e a constituição de um trabalho coletivo: lutar por uma condição política de valorização de seu trabalho;
- afirmar-se como sujeito do conhecimento: aquele que quer aprender;
- colocar-se como sujeito que define caminhos e cria alternativas.

Desafios em face da realidade
- A difícil construção de um ensino de qualidade;
- a desvalorização do ensino e o desinteresse dos jovens pelo magistério.



Desvalorização do magistério
A professora Silvia Colello apresentou dados que mostram que, em 2005, 103 mil professores foram formados no país. Em 2009, foram apenas 52 mil. Os resultados mostram que os jovens não querem mais se tornarem professores, pois a carreira docente não é mais atrativa.
O artigo, "Professores em fuga", veiculado no Jornal da Tarde em 18.02.2012, pela profa. Vera Lúcia Pereira dos Santos, mostra que o desinteresse dos adolescentes pelo magistério é reflexo de um processo que vem se corporificando há muito tempo e diz que os professores estão fugindo da carreira não por covardia, mas em busca da própria dignidade.

Dimensão técnica do trabalho do professor
- compreender, aplicar, problematizar e refletir. O professor deve transformçar a produção teórica em prática pedagógica.

Dimensão pessoal do trabalho do professor
- falta de autonomia, sobrecarga e desmotivação. Mais do que ensinar, o professor deve educar, compreender, estabelecer relações. A frustração costuma ser muito grande.

Os professores sentem angústias provenientes de diversos fatores, como burocracia, decepção, sobrecarga, condições de trabalho. No contexto da decepção social, temos duas possibilidades: carreira do docente que se esgota ao longo da carreira profissional e carreira comprometida porque já nasceu na "periferia do sonho" (termo criado por Maria Valéria Fernandes. Na periferia dos sonhos, BH: Authentics, 2004): professores que tornaram-se professores "sem querer".

Leitura sugerida: O artigo "Professores, desencanto com a profissão e abandono do magistério", de Flavinês Rebolo Lapo e Belmira Oliveira Bueno, busca compreender o processo de "esquecimento" da carreira do magistério. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16830.pdf.

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